domingo, 21 de agosto de 2016

Orla Conde: uma viagem do Rio Antigo ao Moderno.


A jóia da coroa
Apesar de toda a polêmica em torno do projeto Porto Maravilha, o fato é que uma região degradada do centro da cidade foi totalmente revitalizada e tem tudo para se tornar um dos passeios mais bacanas do Rio. A Orla Conde passa por diversos pontos turísticos, mesclando história, cultura, diversão e uma vista espetacular.

Fomos conferir in loco essa novíssima região turística e fizemos um roteiro que mistura tudo que ela pode oferecer.



Nosso ponto de partida será na Praça Floriano Peixoto, mais conhecida como Cinelândia. Fácil de acessar através do Metrô (estação Cinelândia, parada da Linha 1 e 2), ônibus, táxi ou Uber. Há estacionamento próximo, mas o preço é exorbitante. Não aconselhamos.

Estação da Cinelândia do VLT.
O Centro do Rio ficou mais lindo depois das obras.
Essa grande praça possui um dos conjuntos arquitetônicos mais bonitos da cidade. Aprecie o quadrilátero formado pelo Teatro Municipal , o Museu Nacional de Belas Artes, a Biblioteca Nacional e o Palácio Pedro Ernesto, que abriga a Câmara dos Vereadores, todos construídos no início do século XX. O prédio da Justiça Federal ao lado da Biblioteca também merece atenção. Como objetivo do nosso roteiro é fazer a Orla Conde, essa parte do passeio será apenas panorâmica. Mas vale a pena visitá-los. Quer saber mais? Clique sobre os nomes que você será redirecionado para as respectivas páginas.

Teatro Municipal.
A praça da Cinelândia e o Palácio Pedro Ernesto onde funciona a Câmara dos Vereadores.
Museu de Belas Artes.
Centro Cultural da Justiça Federal.
Após admirar os prédios históricos da Cinelândia, siga pela rua Araújo Porto Alegre em direção à Avenida Presidente Antônio Carlos. No caminho há dois lindos edifícios da época em que o Rio de Janeiro era a capital federal.

Na esquina com a rua Graça Aranha fica o Palácio Capanema, antigo Ministério da Educação e Cultura, considerado um marco na Arquitetura Moderna Brasileira. O mestre da arquitetura Oscar Niemayer integrou a equipe liderada por Lúcio Costa, que ainda contou com a consultoria do arquiteto franco-suíço Le Corbusier. Os jardins projetados por Burle Marx e os painéis de azulejos de Candido Portinari são apenas algumas das obras de arte que compõem o prédio inaugurado em 1947.

Palácio Capanema.

Obra de Portinari.
Continuando até à Av. Antônio Carlos, siga pela esquerda e repare no imponente prédio com colunas dóricas que toma todo o quarteirão. O Palácio da Fazenda, inaugurado em 1943, abrigava o Ministério da Fazenda quando o Rio era Distrito Federal. Repare nas placas de baixo-relevo em mármore sobre as colunas. Elas representam as principais fontes de renda do país. A visita guiada pode ser agendada de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h30. Tel.: 3805-2002 e 3805-2004.




Do outro lado da rua você verá a Praça Expedicionário, colada ao Tribunal de Justiça (um prédio de vidro marrom). Passe por ela e siga em direção ao Museu Histórico Nacional à direita. 


No caminho repare na Igreja de fachada branca ao lado de uma ladeira com calçamento de pé-de-moleque. Aí ficava o Largo da Misericórdia, o coração do Rio Colonial. Com a derrubada do Morro do Castelo no início do século passado, muitas dessas relíquias foram destruídas, mas a Igreja Nossa Senhora de Bonsucesso de 1567, considerada a mais antiga da cidade, e o que restou da Ladeira da Misericórdia, primeira via a receber o calçamento pé-de-moleque em 1617, ainda estão lá.


O início da ladeira que levava ao Morro do Castelo.
O Museu Histórico Nacional foi o antigo Arsenal de Guerra e ainda exibe parte da muralha do Forte de Santiago. O acervo passa pela pré-história do Brasil até a república. Destaque para a exposição de artefatos indígenas, as salas destinadas ao período imperial e o acervo de carruagens no primeiro andar. Ingresso: R$8,00. Para mais informações, clique aqui para acessar o site.


Fácil acesso.
Muito bem organizado e bonito.
O acervo é minucioso. Esse guarda corpo, que pertenceu ao Paço Imperial, foi de onde D. Pedro I falou ao povo que ficaria no país apesar de Portugal exigir seu retorno.

Pena oferecida à princesa Isabel como presente por ocasião da assinatura da Lei Áurea.


Pátio interno.


Se a fome bater, tem um bistrô no local.

Nesse museu inicia a Orla Conde. Saindo do museu, siga para a esquerda e você verá uma grande praça. No meio dela há uma passagem subterrânea para o outro lado da pista, na altura do restaurante Albamar, que fica em uma bela construção, último resquício de um mercado público que funcionou no lugar.

Passagem subterrânea.
E olha só a vista....
Seguindo a Orla você vai chegar à Praça XV, onde a história do Brasil ganha vida. Comece pelo Chafariz da Pirâmide ou do Mestre Valentim (1779). Ele servia para abastecer os barcos que ancoravam no antigo cais que havia no local. Durante a obra de construção da Orla Conde foi descoberta uma parte do cais original, a qual foi mantida em exposição no local. Por ele a família Real Portuguesa desembarcou no Rio em 1808.


Outro prédio de grande importância histórica é o Paço Imperial, residência real desde a chegada de D. João VI até a Proclamação da Independência em 1822. Nesse local tiveram lugar acontecimentos importantes como o Dia do Fico, quando D. Pedro I anunciou sua decisão de não voltar para Portugal, a Coroação de D. João VI e a chegada da Imperatriz Leopoldina ao Brasil. Hoje ele é um centro cultural e pode ser visitado. Entrada gratuita.



Do outro lado da rua você vai ver a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, a antiga Sé (1770). Nela os dois imperadores do Brasil foram coroados. Em estilo barroco, ela guarda obras de Mestre Valentim, famoso artista da época.

Volte para a Praça XV e procure um arco de pedra no prédio do lado oposto ao Paço Imperial. Esse é o Arco do Teles, nome que relembra os antigos moradores do local, a família Teles de Menezes. Trata-se de uma construção do século XVIII. 



Siga pela rua de paralelepípedos e repare nos sobrados antigos ao seu redor. Hoje a maioria abriga bares e restaurantes. Se estiver com fome, pare em um deles para almoçar. Com orçamento curto, escolha um self service. 




Querendo gastar um pouco mais, siga até o Cais do Oriente, um restaurante com paredes de pedra e ar sofisticado ao lado do CCBB.

Nessa região há três centros culturais legais, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o Centro Cultural dos Correios e a Casa França Brasil. Os prédios já valem pela beleza arquitetônica, mas sempre há exposições interessantes, especialmente no CCBB.


Nessa região também fica o Espaço Cultural da Marinha. Lá você pode visitar um navio, um submarino e aviões de guerra. Dependendo do dia e do tempo dá pra fazer um passeio pela Baia de Guanabara ou até a Ilha Fiscal, onde aconteceu o último baile do Império. O museu é gratuito e os passeios R$25,00 cada. Visite o site para mais informações.

No passeio dá para ver o aeroporto Santos Dumont com o Pão de Açúcar ao fundo. Um avião tinha acabado de pousar.
Vista do MAC, em Niterói. Obra de Orcar Niemeyer.
A Ilha Fiscal.
Voltando para a Orla Conde, você agora vai passar pela frente de uma das igrejas mais bonitas e importantes da cidade, a Candelária (1898). Vale a visita.

Igreja da Candelária.
Nessa parte da orla foi feita uma praça que abrigou a chama olímpica durante as Olimpíadas. A linda escultura com a pira foi deixada no local como memória desse momento. O lugar lotou durante o evento.



Seguindo para o nosso destino, o Porto Maravilha, você vai margeando o Distrito Naval e no alto pode ver o Mosteiro de São Bento, fundado por monges beneditinos em 1590. O prédio de 1617 abriga um famoso colégio, onde estudaram personalidades como Pixinguinha, Villa-Lobos, Noel Rosa e outros. Em 1671 terminou de ser construída a igreja de Nossa Senhora de Montserrat, ricamente decorada com um belo trabalho de entalhamento dourado. Ela é a única parte que pode ser visitada. 

Dica: Aos domingos a missa das 10h é acompanhada por canto gregoriano.

Após alguns minutos de caminhada você já vai avistar o Museu do Amanhã debruçado sobre o mar. É um dos melhores ângulos para fotos. Há um pequeno mirante um pouco antes de chegar à Praça Mauá.

Essa pequena passagem passa por debaixo da ponte que liga o Distrito Naval à Ilha das Cobras,
A vista é bacana.
No local há dois museus modernos e interessantes: o Museu de Arte do Rio – MAR e o Museu do Amanhã. O primeiro conta com exposições temporárias interessantes e um mirante no último andar com uma vista espetacular. Não deixe de subir. Legal também é reparar no projeto arquitetônico do museu, que reuniu dois edifícios de estilos bem distintos através de uma cobertura no teto imitando as ondas do mar. Há um café no térreo e um restaurante na cobertura.


Já o Museu do Amanhã é voltado para o mundo científico. Ele explora as mudanças que acontecem no planeta e a partir daí instiga o visitante a pensar em como será o futuro. Ele é rico em interatividade e o edifício projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava é uma obra prima contemporânea. Já vale só pelo visual.





Seguindo o trilho do VLT em direção aos armazéns, você pode fazer um pequeno desvio até o sítio arqueológico do Cais do Valongo (1811). Basta seguir pela Av. Barão de Tefé. Esse porto foi construído para deslocar da atual Praça XV o desembarque e o comércio dos africanos escravizados que chegavam na cidade. Em 1831, com a proibição do tráfico transatlântico, ele foi oficialmente fechado. Em 1843 foi remodelado para receber a futura imperatriz do Brasil, Teresa Cristina, e passou a se chamar Cais da Imperatriz. No início do século XX foi soterrado. Redescoberto com as obras de revitalização do porto, ficou em exposição permanente para visitação.

Volte para a orla e continue caminhando pelo Porto Maravilha até o maravilhoso painel Etnias, do artista Eduardo Kobra. Sua obra de arte homenageia os povos dos cinco continentes retratados na figura de indígenas. Simplesmente lindo! Está sendo considerado o maior grafite do mundo pelo Guinness Book.






A região do Porto Maravilha está ganhando novidades constantemente. Cada dia surge uma nova obra de arte em grafite, em breve haverá a inauguração de um grande aquário marinho, o AquaRio, e de áreas de restaurantes e centros culturais. Se souber de alguma novidade interessante, avise a gente.

☺ O Aquário Marinho do Rio foi inaugurado. Fomos conferir como ficou e está muito legal. Um programa imperdível para os pequenos. Se quiser saber mais, clique aqui para acessar o post com todos os detalhes da nossa visita.



Na volta, basta pegar o VLT em direção ao Santos Dumont e saltar no local de partida ou caminhar até a estação Uruguaiana do Metrô (15 a 20min).

Dica: após escurecer e durante o fim de semana não aconselhamos fazer esse trajeto a pé. Prefira o VLT ou táxi/Uber.



Lembre-se de efetuar o pagamento dentro do VLT.

Quer emendar e ficar para o Happy Hour? Se for uma segunda-feira, siga pela rua Sacadura Cabral (atrás do MAR) até a Pedra do Sal onde acontece uma animada roda de samba ou volte de VLT até a Cinelândia e pegue um táxi ou Uber para a Lapa que tá pertinho. Dá até para ir a pé, mas se já for noite não aconselhamos. 

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